sexta-feira, 17 de junho de 2011

Todo apoio à luta dos quilombolas do Maranhão!

Na madrugada do dia 13/06 a sede da Comissão Pastoral da Terra em São Luís foi arrombada e do local não foi levado nenhum objeto de valor. O fato ocorreu em meio à grande luta encampada por esta entidade junto com as comunidades quilombolas do Maranhão, que reivindicam o direito à vida antes de tudo.

A situação dessas comunidades é bastante preocupante, uma vez que em outubro do ano passado o líder quilombola Flaviano Pinto Neto foi assassinado com sete tiros na cabeça, outras duas lideranças já sofreram atentados e, segundo a CPT, existem hoje cerca de 59 pessoas no movimento “marcadas para morrer”.

Diante dessa situação e frente ao descaso do Estado é que cerca de 100 quilombolas ocuparam a sede do INCRA em São Luís, onde além da titularização das terras exigiam justiça no caso dos assassinatos e outros crimes contra essa população. Como parte do movimento, dia 09/06 dezessete quilombolas e dois padres da CPT iniciaram no uma greve de fome que durou um dia como forma de pressionar a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, para que esta venha pessoalmente ao Maranhão discutir a situação dos quilombolas e atender às suas reivindicações.

Vale lembrar que no Maranhão, existem cerca de 700 comunidades quilombolas de acordo com dados da CPT e que a população quilombola no estado, segundo o IBGE, é de 1.362.567 de pessoas.

Num estado historicamente oligárquico, onde o peso do latifúndio se sobrepõe ao direito à terra e à vida, essas populações vivem sob constantes ameaças sendo que nenhum dos governantes resolveu esses problemas, mesmo os vistos como supostamente progressistas. Nas palavras do padre Inaldo Serejo, coordenador da CPT no Maranhão: “Há, no Maranhão, um consórcio da grilagem. Esse consórcio tem representantes nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ele também tem uma rede dentro dos cartórios formada para fraudar e legalizar documentos falsos. As oligarquias políticas têm um poder de domínio fortíssimo. Eles são os ‘donos’ da política e da economia do Maranhão”.

Com a vitória de Lula em 2003, havia um sentimento no seio dos movimentos sociais de que a partir de então a questão dos direitos humanos fossem tratadas de outra forma e que finalmente o Brasil teria uma reforma agrária justa. No entanto, Lula e Dilma escolheram por aliados fundamentais aqueles que expulsam trabalhadores do campo e que são responsáveis diretos pela morte de centenas de trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas.

Ainda de acordo com padre Inaldo: “O povo pensou que nós poderíamos escapar dessa oligarquia com o início do governo Lula, aí de repente aparece uma aliança entre Lula, Dilma e Sarney. A avaliação feita por grande parte dos Maranhenses é muito negativa. Essa ligação dos poderosos maranhenses à estrutura do Estado é algo muito trágico para o nosso povo. O Estado parece se colocar a serviço do latifúndio, a serviço desse processo de extermínio que sofrem as comunidades quilombolas e as comunidades camponesas do Maranhão.”

Recentemente, foi aprovado, com a anuência do governo federal, o novo Código Florestal e dias depois a presidente Dilma assinou um decreto que adia por mais seis meses as punições contra os desmatamentos ilegais na Amazônia e mante-se inúmeros planos de hidroelétricas atacando as populações tradicionais. Tudo como parte das negociações para salvar o ministro/milionário Antonio Palocci. Paralelo a isso, assistimos uma escalada da violência com inúmeros assassinatos em estados da Amazônia, sendo que o mais emblemático aconteceu no Pará na cidade de Ipixuna. Segue-se com a política de criminalização dos movimentos sociais do campo e da cidade enquanto que os assassinos de Flaviano continuam livres e ameaçando mais pessoas.

Diante dessa situação exigimos o fim dos assassinatos, proteção aos militantes ameaçados, reforma agrária, mais investimentos no INCRA, IBAMA e ICMBIO e nos posicionamos contra o novo código florestal e demais benefícios ao agro e hidronegócio. Estamos ao lado dos companheiros quilombolas que na luta pela terra, lutam também pela vida e pela libertação do Maranhão das mãos dos que oprimem a maioria da população

São Luís, 16 de junho de 2011.

Unidos Pra Lutar!



Contato: www.unidospralutar.blogspot.com

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